quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Comprimento de Onda



Hoje tive mais dificuldade em manter-me activa mal acordei. Precisava fazer umas coisas mas faltava-me a vontade, a alegria do "fazer". E ouvi esta música. E ainda nas primeiras palavras percebi que era este o comprimento de onda. Grande ano o de 1977.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

"A arte de ser Terceirense"

Um dia saí da Terceira, mas a Terceira não saiu de mim. Gosto incondicionalmente desta ilha, porque foi aqui que dei os passos decisivos da minha vida.
A Terceira é muito mais do que o Monte Brasil, o Castelo de S. João Baptista, o Algar de Carvão, a Serra do Cume, a Base das Lajes, o jardim Público de Angra de Heroísmo ou o vasto areal da Praia da Vitória. Esta ilha não é só a alcatra, a belíssima doçaria conventual ou o delicioso vinho dos Biscoitos. A Terceira é um estado de espírito, um modo de ser, um sentimento. Talvez de amor. Porventura de paixão. Certamente de afeto.
O terceirense cultiva a alegria, é acolhedor e comunicativo, vibrante e afável, sincero e solidário. Ele é a sentinela de atalaia ao seu passado histórico e heróico, revelando um pátrio amor à sua ilha. E é óbvio: o terceirense orgulha-se da sua "muito nobre, leal e sempre constante cidade de Angra", de cunho senhorial e bela traça renascentista, duas vezes capital do Reino, porque aqui já foi só Portugal: na resistência ao domínio filipino, e durante as lutas liberais. Hoje Angra do Heroísmo é património mundial e capital histórica e cultural dos Açores.
Contrariamente ao micaelense, mais afeito à tristeza dos romeiros da Quaresma ou à carga penitencial do culto de Santo Cristo, o temperamento do terceirense é lúdico e dionisíaco.
Com efeito, não conheço povo mais exuberante, festivo e festeiro. A sociabilidade é, na Terceira, uma arte com refinado estilo. O terceirense atira-se de alma e coração ao convívio. Mais do que qualquer outro açoriano, ele tem um espírito festivo. E a alma da Terceira encontrou no toiro embolado e amarrado pelo pescoço o pretexto para a festa, sobretudo o 5º toiro... Sim, a tourada à corda é a festa coletiva da ilha Terceira e é o espaço de todas as conversas, de todos os afetos e de todos os reencontros.
Quem é da Terceira faz a festa não para a interpretar, mas para a viver. Identifica-se incondicionalmente com a festa taurina (touradas de corda, de praça e "espera de gado"), e com as festividades do povo e para o povo: as festas do Espírito Santo, o despique das cantorias, a comicidade hilariante dos bailinhos de Carnaval, o frémito das Sanjoaninas e das Festas da Praia e tudo o que sejam eventos religiosos e profanos. O que ele quer é festa porque a festa está-lhe na alma e corre-lhe nas veias. E o seu amor é "firme e constante", como diz a moda regional. Gosta de música e de teatro popular e, entre folias e folgas, prefere as folgas...
De resto, a Terceira, ilha agropecuária, é a hospitalidade da porta aberta e luz acesa - a casa aonde chego, vou abrindo e entrando: "Dão licença"? Resposta: "É entrar p´ra dentro". Como eu gosto e me identifico com esta brava gente da fraterna simpatia: os Andrades, os Barcelos, os Bettencourts, os Bretões, os Borbas, os Borges, os Coelhos, os Cotas, os Coutos, os Drummonds, os Fagundes, os Fourniers, os Godinhos, os Linhares, os Machados, os Martins, os Mendes, os Menezes, os Monjardinos, os Noronhas, os Pamplonas, os Pains, os Parreiras, os Regos, os Rochas, os Sieuves, os Silvas, os Sousas, os Valadões, os Vieiras, entre muitas outras famílias terceirenses.

Como eu gosto e me identifico com esta brava gente da fraterna simpatiaMas o "rabo torto" também tem lá as suas artimanhas: é pagão quando lhe interessa e religioso quando lhe dá jeito... No seu estudo "O Açoriano e os Açores" (1), escreve Vitorino Nemésio: "O que no micaelense é aspereza, índole tenaz mas tosca, no terceirense é amenidade, alguma manha, e principalmente uma bizarria que trai a coabitação com o castelhano durante meia centúria". Ou seja, o terceirense tem as qualidades dos seus defeitos...
Dotado dessa "bizarria", o terceirense é galante, tem um jeito marialva e resquícios de alguma nobreza perdida. Um ditado açoriano muito antigo assim reza: "S. Miguel, burgueses ricos; Terceira, fidalgos pobres; Faial, contrabandistas espertos".
E as terceirenses? São afoitas e literalmente bonitas, aliás, a Terceira tem justa fama de possuir as mulheres mais belas dos Açores. É discutível, mas é verdade. No Verão de 1924, tirando notas para o seu magnífico livro As Ilhas Desconhecidas (2), Raul Brandão fala da beleza da mulher terceirense nos seguintes termos: "Foi aqui que vi as mais lindas figuras de mulheres dos Açores - tipos peninsulares, de cabelos negros e olhos negros retintos".

(Vai para 40 anos que também eu, na "ilha de Jesus", me apaixonei por uns olhos negros, negros...).



Posso estar muito enganado, mas sinceramente continuo a achar que o melhor que a Terceira tem são os terceirenses.



(1) Sob os Signos de Agora, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1995.

(2) Edição de Artes e Letras, Nova Gráfica, 2009.
por: Victor Rui Dores



terça-feira, 18 de setembro de 2012

"Quem Poderá Calcular a Órbita da sua Própria Alma?"

"As pessoas cujo desejo é unicamente a auto-realização, nunca sabem para onde se dirigem. Não podem saber. Numa das acepções da palavra, é obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, conhecermo-nos a nós próprios. É a primeira realização do conhecimento. Mas reconhecer que a alma de um homem é incognoscível é a maior proeza da sabedoria. O derradeiro mistério somos nós próprios. Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios. Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma?"

Oscar Wilde, in 'De Profundis'


"A thousand kisses deep"

For Those Who Greeted Me *)



1. You came to me this morning

And you handled me like meat.

You´d have to live alone to know

How good that feels, how sweet.

My mirror twin, my next of kin,

I´d know you in my sleep.

And who but you would take me in

A thousand kisses deep?



2. I loved you when you opened

Like a lily to the heat.

I´m just another snowman

Standing in the rain and sleet,

Who loved you with his frozen love

His second-hand physique -

With all he is, and all he was

A thousand kisses deep.



3. All soaked in sex, and pressed against

The limits of the sea:

I saw there were no oceans left

For scavengers like me.

We made it to the forward deck

I blessed our remnant fleet -

And then consented to be wrecked

A thousand kisses deep.



4. I know you had to lie to me,

I know you had to cheat.

But the Means no longer guarantee

The Virtue in Deceit.

That truth is bent, that beauty spent,

That style is obsolete -

Ever since the Holy Spirit went

A thousand kisses deep.



5. (So what about this Inner Light

That´s boundless and unique?

I´m slouching through another night

A thousand kisses deep.)



6. I´m turning tricks; I´m getting fixed,

I´m back on Boogie Street.

I tried to quit the business -

Hey, I´m lazy and I´m weak.

But sometimes when the night is slow,

The wretched and the meek,

We gather up our hearts and go

A thousand kisses deep.



7. (And fragrant is the thought of you,

The file on you complete -

Except what we forgot to do

A thousand kisses deep.)



8. The ponies run, the girls are young,

The odds are there to beat.

You win a while, and then it´s done -

Your little winning streak.

And summoned now to deal

With your invincible defeat,

You live your life as if it´s real

A thousand kisses deep.



9. (I jammed with Diz and Dante -

I did not have their sweep -

But once or twice, they let me play

A thousand kisses deep.)



10. And I´m still working with the wine,

Still dancing cheek to cheek.

The band is playing "Auld Lang Syne" -

The heart will not retreat.

And maybe I had miles to drive,

And promises to keep -

You ditch it all to stay alive

A thousand kisses deep.



11. And now you are the Angel Death

And now the Paraclete;

And now you are the Savior's Breath

And now the Belsen heap.

No turning from the threat of love,

No transcendental leap -

As witnessed here in time and blood

A thousand kisses deep.


September 21, 1998

Leonard Cohen

Longas noites

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Ai Ferreira Leite...

"Chupa que é cana doce"

Meus senhores não quero saber do Paulo Portas. Ele faz parte do governo e já foi dita qual a posição deles.

Quero esclarecimentos sobre cortes nas gorduras de estado. NADA MAIS.

A partir do momento que vejo o Seguro, o Bagão Félix, o Mário Soares, a Ferreira Leite, o Jerónimo de Sousa e sei lá mais que ricos amigos terem a mesma opinião...

Fico de pulga atrás da orelha. Fico. Fico. Sou só eu? A sério: a Ferreira Leite a concordar com o Jerónimo? Não é estranho? O Bagão Félix e o Mário Soares?

"Blá, Blá, Blá whiskas saquetas; blá, blá, blá whiskas saquetas"

Exemplos de propostas do PS em alternativa às novas medidas de austeridade:

- Aumentar os impostos às PPP (curiosamente as PPP que eles próprios criaram);
- Conquistar a confiança e mobilizar a esperança do povo português.


Ui, Ui... Nem quero imaginar o pacote completo.
 

Um grande ano este de 2012





O melhor fim-de-semana de 2012: Parque de Campismo da Tocha











Lisboa


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Tanta coisa a passar-se e eu aqui sem vontade nenhuma de nada. Preciso voltar a ter rotinas.